Reinventando Smetak
Vinda da Alemanha, a Ensemble Modern, mais importante orquestra de música contemporânea do mundo, apresenta no Brasil “Reinventando Smetak”, um mergulho no fascinante trabalho do suíço naturalizado brasileiro Walter Smetak (1913-1984), que morou na Bahia desde a década de 1950 até o fim da vida. Com agenda também no Rio de Janeiro e em São Paulo, a apresentação única em Salvador será no dia 5 de julho (quarta-feira), às 19h, na Sala Principal do Teatro Castro Alves (TCA), executando um repertório de peças inéditas criadas por compositores contemporâneos reconhecidos na cena mundial, tendo como inspiração a obra deste precursor da contracultura brasileira e um dos influenciadores do movimento Tropicália. Os ingressos têm o valor simbólico de R$ 4,00 (inteira) e R$ 2,00 (meia).
O quarteto de compositores convidados para o desafio criativo é formado pela australiana Liza Lim, que compôs a peça “Ronda – O Mundo em Rotação”, junto com três brasileiros: Arthur Kampela, baseado nos Estados Unidos, que assina a composição “...tak-tak...tak...”; Daniel Moreira, radicado na Alemanha, que criou “Instrumentarium”; e o baiano Paulo Rios Filho, que compôs “Volvere”. Para cumprirem a encomenda, eles viveram uma imersão no trabalho Smetak e conviveram com ambientes e pessoas importantes na sua história. Lim, Kampela e Moreira fizeram residência no Goethe-Institut Salvador-Bahia, em meados de julho do ano passado, para esta experiência e pesquisa sobre o mundo sincrético do inventor musical e pensador.
As composições resultantes, por fim, revigoram aspectos de Smetak: sua microtonalidade, que ele concebeu como ato de libertação das normas dos sistemas tonais, suas práticas coletivas de improvisação, seus instrumentos experimentais e suas “plásticas sonoras”, que compõem exposição permanente do Solar Ferrão, na capital baiana. O concerto, já ouvido em março deste ano em Berlim e Frankfurt, na Alemanha, utiliza também réplicas e instrumentos originais de Smetak, criados na Bahia entre as décadas de 1960 e 70, agora especialmente construídos ou reconstruídos para esse projeto.
“Smetak nos revigora com a sua visão de que instrumentos musicais contêm poderes cósmicos, trazendo conceitos indígenas e orientais para uma prática de arte contemporânea no Ocidente”, reflete a compositora Liza Lim. “Instrumentos não são apenas objetos inertes e fazer arte não é algo decorativo ou apenas entretenimento: são ferramentas para nos mostrar nossa interconexão essencial com todas as coisas”, completa ela
Já Daniel Moreira contextualiza: “Todo o processo artístico de Smetak se baseava em transformação, em partir de algum elemento, algo que ele encontrava no estúdio ou em influências que tinha, para tentar sintetizar e criar algo novo, algo dele. Ele não era só um músico, era um inventor, um criador, um escultor. Ele era extremamente obstinado, tinha essa convicção de correr atrás do que acreditava, uma convicção quase inabalável”, opina.
“Reinventando Smetak” é um projeto do Programa Artistas-em-Berlim do Deutscher Akademischer Austauschdienst (DAAD), maior organização alemã no campo de intercâmbio acadêmico, em cooperação com o Goethe-Institut. É patrocinado pela Fundação Cultural Federal da Alemanha, com apoio da Ernst von Siemens Musikstiftung, Pro Helvetia Fundação Suíça para a Cultura, Ministério das Relações Exteriores da Alemanha e Sociedade dos Amigos do Ensemble Modern e.V. Em Salvador, o concerto tem o importante apoio local da Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA) e do Teatro Castro Alves.
(http://www.tca.ba.gov.br/content/reinventando-smetak